Esteja atento e não espere para buscar atendimento
Doenças hepáticas em aves
O fígado é um órgão muito importante para a manutenção da saúde das aves. São várias as suas funções, sendo que, entre outras, ele intervém na
digestão, ajuda na eliminação de toxinas e auxilia a metabolizar proteínas, gorduras e carboidratos.
Existem doenças que afetam este órgão especificamente, o fígado, podemos sugerir que ocorre um mau funcionamento no organismo que pode gerar uma queda imunológica. Assim, outra doença se manifesta em outro ponto do organismo desta ave, produzindo e tornando mais evidente as alterações hepáticas.
Nas aves geralmente os sintomas costumam ser imprecisos e gerais, que não indicam que o fígado está afetado. Requer conhecimento e sensibilidade do tutor para observar e informar ao médico veterinário, e do veterinário a realizar exames, procedimentos e tratamento.
Podemos observar como sintomas: Perda do apetite, apatia, diminuição do peso, fraqueza, diarreia, aumento da ingestão de água e com isso geralmente ocorre o aumento na produção de urina.
Quando o problema hepático está mais avançado aparece um sintoma bem específico, que pode nos ser a indicação de que existe a lesão no órgão:
- Os URATOS (a porção branca das fezes) surgem nas fezes com coloração verde ou amarela;
- Evidência de inflamação abdominal;
- Acumulo de líquido no abdomen;
- Alteração na coagulação do sangue;
- Hemorragias intestinais (sangue nas fezes);
- Problemas de amolecimento e crescimento excessivo do bico e das unhas.
Os sintomas podem passar totalmente despercebidos, principalmente se você não for bom observador. A doença quando evidente já pode ter alcançado um estágio muito avançado. Isto torna o diagnóstico e tratamento mais difíceis.
As doenças que afetam o fígado são classificadas como infecciosas ou não infecciosas.
CAUSAS INFECCIOSAS:
- Hepatite bacteriana: São muitas as bactérias que podem produzir uma lesão hepática, mas fundamentalmente são as bactérias intestinais (enterobactérias) as mais frequentes são: E. coli, Salmonela, Pasteurela, Pseudomonas, etc. Estes germes agem por si sós, ou então, agravando uma doença já existente (em uma queda na imunidade e/ou alteração na flora digestiva).
- Clamidiose: A psitacose, produzida pelo microorganismo Chlamydia psittaci. é responsável pela maioria das hepatites bacterianas que aparecem nos psitacídeos.
- Infecções virais: Existem vírus que podem atacar o fígado e/ou outros órgãos. Entre eles, o poliomavírus, adenovírus, coronavírus, reuvírus, serosite vírica aviaria, herpesvírus.
Entre os últimos, está os responsáveis pela doença do Pacheco que afeta exclusivamente psitacídeos. De evolução fulminante e contágio rápido, causa grande mortalidade de células hepáticas.
O diagnóstico de uma infecção viral pode ser muito difícil, principalmente se levarmos em conta que se pode juntar com outras
doenças que irão mascarar o problema principal.
- Protozoários: Embora os protozoários vivam no aparelho digestivo, eles podem passar, em certo momento, para outros órgãos, entre eles o fígado.
- Atoxeplasmose: Doença causada por um parasita chamado Isospora serini. Trata-se de um coccídio. Pensou-se inicialmente que o pardal podia transmitir essa doença ao canário através da picada de ácaros transportados.
Mais tarde foi demonstrado que o contágio dá-se somente via oral e que os atoxoplasmas do pardal não afetam o canário.
Ela afeta principalmente aves jovens de 2 a 9 meses de idade. Os sintomas são: penas eriçadas, debilidade, diarreia, dificuldade respiratória, problemas no sistema nervoso e morte.
A mortalidade pode atingir a maior parte dos pássaros infectados.
Os passeriformes adultos, são geralmente, portadores assintomáticos que podem eliminar os parasitas nas fezes durante um longo período e contaminar assim os jovens se estiverem na mesma gaiola ou viveiro.
No final dos anos 80 na Inglaterra, um estudo apontava a possibilidade dos atoxoprasmas serem os responsáveis pela maioria dos casos de verdelhões (Carduelis chloris) afetados pelo “mal seco”.
Lesões características são aumento do tamanho do fígado (facilmente visível como uma mancha escura que aparece abaixo do esterno, na lateral direita e inflamação do intestino.
Os atoxoplasmas são muito resistentes às condições ambientais e não são destruídos pela maioria dos desinfetantes.
Atoxeplasmose é uma doença difícil de tratar, e requer terapia prolongada. Este problema também foi observado em outras passeriformes.
CAUSAS NÃO INFECCIOSAS:
- Hemocromatose= Em algumas espécies a alimentação excessivamente rica em ferro pode provocar uma alteração no metabolismo e acumulação exagerada deste mineral nas células hepáticas, provocando lesões irreparáveis das mesmas. Não se conhece a causa exata desta doença, possivelmente os fatores que predispõem o seu aparecimento sejam vários.
As aves com hemocromatose apresentam sintomas típicos: debilidade, dificuldade respiratória. acumulação de líquido no abdômen e aumento do tamanho do fígado.
- Lipidiose hepática= Conhecida como “Fígado Gordo”, é frequente em algumas espécies de aves. Trata-se de uma acumulação excessiva de gordura no fígado, que o torna amarelo. O começo costuma ser agudo, morrendo a ave sem chegar a perder peso.
As causas são várias:
- Dieta muito energética, geralmente na forma de carboidratos;
- Falta de exercício;
- Temperatura ambiente elevada;
- Alteração no funcionamento da glândula tiróide;
Para o tratamento aconselha-se o uso de dietas energéticas com suplementos de vitaminas (colina, vitaminas E e B12) e aminoácidos.
- Toxinas= Existem substancias que podem produzir lesões hepáticas: metais pesados, medicamentos, insecticidas, etc.
O excesso de vitaminas (hipervitaminose) pode interferir no funcionamento normal deste órgão.
O grau de intoxicação vem determinado pela quantidade de toxina ingerida, o estado nutricional da ave, doenças concomitantes, etc.
- Aflatoxitose= É uma doença produzida por substância tóxica chamada aflatoxina (produzida por certas espécies de fungos que podem crescer nos alimentos).
As aflatoxinas costumam produzir-se em condições de calor, escuro e umidade.
Além de prejudicar o fígado, podem produzir câncer, portanto, tenha muito cuidado no armazenamento e condições do alimento de seu ave.
O diagnóstico desta doença pode ser difícil, dada a grande quantidade de sintomas que podem aparecer e a complicação por infecções secundárias que mascaram o problema.
Diante destas informações lembro da importância do oferecimento de boa alimentação e bons hábitos alimentares. Uma dieta balanceada para cada espécie e observar necessidades especiais em determinados períodos de sua vida podem evitar problemas e excessos no organismo.
Espero que ajude!
Renata Martins